domingo, 30 de dezembro de 2007

EDUCAÇÃO DE ADULTOS: Um Campo e uma Problemática

CANÁRIO, Rui

Tem 59 anos é de Lisboa, Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1974), Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade de Bordéus II (1987), Domínio de investigação actual: A educação e o local. Investigador responsável do projecto ESTER (Escolas e territórios), financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia. Domínios de ensino: Formação de adultos e sociologia da educação. Responsável pelo curso de mestrado na área de especialização de Formação de Adultos. Actividades de ensino, por convite, nas seguintes universidades: Universidade Nova de Lisboa, Universidade Aberta, Universidade do Porto, Universidade de Évora, Universidade dos Açores, Universidade do Estado de S. Paulo (Brasil), Universidades de Estrasburgo e de Rouen (França).

Neste texto o autor enfatiza o papel da EXPERIÊNCIA no papel Formativo. “…a experiencia nos processos de aprendizagem supõe que esta é encarada como um processo interno ao sujeito e que corresponde, ao longo da sua vida, ao processo da sua auto-construção como pessoa” pág. 109.

No entanto para que este enfoque seja possível de existir terão de existir 2 premissas fundamentais:

1 – Criação de um sentido citando Barth “aprender significa atribuir um sentido a uma realidade complexa e essa construção de sentido é feita a partir da história “cognitiva, afectiva e social de cada sujeito” pág. 110.

2 – Mobilização do sujeito para a autoproduzir a sua vida, o sujeito é um recurso de si próprio.
Direi que sendo o Curso de Complemento de Formação um momento privilegiado de reflexão e análise de práticas profissionais e logo um momento formativo de adultos, por excelência, deveria ser realizado quando cada sujeito incorpora-se cabalmente estas 2 premissas.

É partindo desta ideia chave que o autor nos fala da ruptura entre um modelo decadente de formação de adultos modelo “da aplicação da teoria na pratica”, para o modelo agora aqui preconizado na formação de adultos o modelo “dos saberes adquiridos por via experiencial” pág. 111.

Este modelo fica sintetizado de uma forma coerente e dinâmica na pág. 112 “ A prática do reconhecimento dos adquiridos experienciais, tem como fundamento não apenas, nem sobretudo, a comulatividade das experiências vividas, mas a capacidade do sujeito para as tirar e reelaborar, integrando-as como saberes susceptíveis de serem transferidos para outras situações, integrando-as na unidade global que representa o processo de autoconstrução da pessoa” pág.112

É neste sentido que o autor critica de forma prepositiva o actual, e bem nosso conhecido, modelo de formação contínua, assente em questionários sobre necessidades formativas (lacunas), potenciador de resultados incertos e que descontextualiza os indivíduos da “sua inserção social em situações concretas de trabalho e vida social” pág. 114. Digo que é prepositivo porque sugere um modelo “de uma oferta formativa, aparece, então, como uma construção social que implica um confronto de pontos de vista entre o pólo dos formadores, o pólos dos formandos e o pólo dos que encomendam a formação. É este confronto que conduz a problematizar situações e a produzir objectivos de formação, correspondendo a uma prática social, desejavelmente contextualizada e capaz de integrar a experiência e os adquiridos dos destinatários da oferta formativa.” Págs 115 e 116.

Com este texto somos remetidos para algo verdadeiramente compreensível, o potenciar da experiência como momento formativo. Mas se fossemos responsáveis da formação no nosso serviço como fugiríamos ao modelo dos inquéritos sobre necessidades para passarmos ao planeamento da formação tendo por base a contextualização e integração da experiência e dos adquiridos?

2 comentários:

FILMES MARADOS disse...

"....É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,....."

Pablo Neruda.

Apesar das minhas dúvidas não desistirei de encontrar a forma mais correcta para alcançar o objectivo delineado.

FILMES MARADOS disse...

"O processo de formação é tanto mais feliz quanto mais as suas diversas fases assumirem o caráter de acontecimentos vividos".
Hugo Hofmannsthal