sábado, 29 de dezembro de 2007

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO



FREIRE, Paulo
"QUERO SER LEMBRADO COMO ALGUÉM QUE AMOU A TERRA"



Nascido em 19 de Setembro de 1921 de pais de classe média no Recife, Brasil, Paulo Freire conheceu a pobreza e a fome durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os pobres e o ajudaria a construir seu método de ensino particular. Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, ele nunca exerceu a profissão e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau ensinando a língua portuguesa. Em 1946, Freire foi indicado Director do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco. Trabalhando inicialmente com analfabetos pobres, Freire começou a se envolver com um movimento não ortodoxo chamado Teologia da Libertação. Uma vez que era necessário que o pobre soubesse ler e escrever para que tivesse o direito de votar nas eleições presidenciais.Em 1961, ele foi indicado para director do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, e em 1962 ele teve sua primeira oportunidade para uma aplicação significante de suas teorias, quando ele ensinou 300 cortadores de cana a ler e a escrever em apenas 45 dias. Em resposta a esse experimento, o Governo Brasileiro aprovou a criação de centenas de círculos de cultura ao redor do país.Em 1964, um golpe militar extinguiu este esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida ele passou por um breve exílio na Bolívia, trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização de Agricultura e Alimentos da Organização das Nações Unidas. Em 1967, Freire publicou seu primeiro livro, Educação como prática da liberdade. Em 1979, ele já podia retornar ao Brasil, mas só voltou em 1980. Freire se filiou ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo e actuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT foi bem sucedido nas eleições municipais de 1988, Freire foi indicado Secretário de Educação para São Paulo. Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de Maio de 1997, às 6h53 no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Este texto escrito em 1972 revela-se de uma aterradora actualidade e de um potencial revolucionário fascinante.

O autor começa por dissecar uma educação que define como Concepção Bancária onde o educador é quem narra transformando os educandos em meros recipientes …. Quanto mais vá os recipientes com os seus tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente , tanto melhores educandos serão” pág. 82.

Nesta concepção o educador é quem sabe, sendo um mero transmissor de visões pré concebidas tornando impossível a busca de novos saberes e a transformação da sociedade por parte do outro. Esta visão não permite que o educando seja sujeito, é um mero memorizador e repetidor, não reflecte.

Numa brilhante lição política o autor identifica o educador como opressor e o educando como oprimido nesta concepção bancária.

Logo a educação bancária que serve os opressores “jamais possa orientar-se no sentido da CONSCIENTIZAÇÃO (destacado meu) dos educandos” Contudo Paulo Freire alerta para os perigos desta domesticação dos educandos podendo “despertá-los como contradição de si mesmos e da realidade” pág. 87. Sim porque o homem mais cedo ou mais cedo ou mais tarde tenderá a lutar pela sua libertação.

Em jeito de resumo violento o autor fala-nos de necrofilia, associada a esta concepção de educação bancária. “A opressão, que é um controle esmagador, é necrofilia. Nutre-se do amor à morte e não do amor à vida” pág. 92.

Claro está que estamos perante uma crítica forte a um modelo de formação pelo qual todos nós passamos e que me arriscaria a dizer que não foi só na primária, preparatório ou secundário… Também eu no Curso Superior de Enfermagem tive muitos momentos em que me senti um fiel depositário de saberes de alguém que aparentemente me apresentava conceitos únicos e questões inquestionáveis. Mas mais grave será pensar quantas vezes fui eu o “banqueiro” o “distribuidor das cartas do jogo” na integração de novos elementos no serviço ou na orientação de alunos em estágio, constatando que várias vezes não permiti a partilha e o interface de experiências a outros.

Então Paulo Freire leva-nos a reflectir por um conceito bem mais interessante o dos “corpos conscientes”pág. 96 a Concepção Libertadora ou Problematizadora onde o interface formando-formador é uma constante. “O educador já não é apenas quem educa, mas o que, enquanto educa, é educado em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os argumentos da autoridade já não valem”pág. 97 .



Neste conceito o autor propõe-nos a reflexão entre educador, educando e o mundo, ou seja a sociedade, só assim gerador de transformação social e direi eu laboral.

Acaba o artigo com um apelo ao colectivo e a solidariedade “esta busca ao ser mais, porém, não pode realizar-se no isolamento, no individualismo, mas na comunhão, na solidariedade dos existires, daí que seja impossível dar-se nas relações antagónicas entre opressores e oprimidos” pág. 106.




À luz deste texto naturalmente que todos tendemos a afirmarmo-nos como Enfermeiros num CONCEITO PROBLEMATIZADOR, mas será que o somos verdadeiramente… com colegas, alunos e utentes?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Paula Cruz (colega de turma)



"...QUEM APRENDE A VIVER A MORTE APRENDE A VIVER MELHOR..."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Bertolt Brecht



"Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la."