sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

DEVEMOS FORMAR PARA MUDAR OU MUDAR PARA FORMAR ?

"A formação tem assumido uma dimensão ideológica, porque se autojustifica, isto é, a formação é boa em si mesmo, sempre aprendemos algo com a formação, o que faz dela um amplo campo de consenso social. Mas será que ao não questionarmos a forma como é concebida e desnvolvida não estaremos a recusar o nosso protagonismo no processo? Ou será que o papel passivo é mais cómodo?
Devemos formar para mudar ou mudar para formar?
A simultaniedade faz sentido?
Os efeitos da formação têm tido as repercussões esperadas na prática de cuidados? Os contributos da formação têm-se feito sentir in situ de forma a melhorar a qualidade dos cuidados?
Eu diria que a formação só faz sentido se conseguirmos reaquacionar o papel da formação e transferir as aprendizagens realizadas na situação de formação, para a prática de cuidados. É importante promover a formação na acção, através da reflexão e discussão das situações decorrentes da prática diária, para mobilizarmos e repensarmos conhecimentos.
Os momentos de reflexão, as paragens para pensar são indispensáveis na caminhada dos enfermeiros, permitindo-lhes na práxis diária níveis progressivos de desenvolvimento, conduzindo-os para a autonomia.Existe um ditado popular que diz "diz-me com quem andas, dirte-ei quem és" por analogia eu diria " diz-me que formação fazes, como a mobilizas para a prestação de cuidados, dirte-ei que cuidados prestas" "
Teresa Branco

3 comentários:

Anónimo disse...

Com todo o respeito colega, essas reflexões que anda a fazer hoje em dia, já eu fazia, talvez ainda andasse na puberdade....

Deixe-se de merdas, e defenda os pobres explorados que saem das escolas sem qualidade aos milha e milhares, tipo saco de arroz!

Cresca!

FILMES MARADOS disse...

Não apago qualquer tipo de comentário deste blog, até porque respeito a diversidade de opiniões, contudo solicito alguma elevação na linguagem, afinal própria de gente crescida.

Anónimo disse...

Antes de mais Obrigado Enf. Teresa Branco e Enf. Rui Santos, pela vossa iniciativa de pôr á discussão esta tão pertinente temática.
Tenho desenvolvido algum trabalho e reflexão sobre esta matéria e tenho uma opinião formada sobre ela...
Apesar de Formação e aprendizagem andarem de mãos dadas não são necessariamente causas e consequências. Porque formo, não gero necessariamente aprendizagens e nem sempre aprendo na formação... Mas este mito foi já abordado por vós.
Porque a "aprendizagem", é transversal à vida, e também à experiência da vida profissional e porque este conceito orienta para o sujeito aprendente todo o processo no qual este é necessariamente activo, prefiro-o à formação enquadrando-me mais num paradigma de aprendizagem.
Penso que um dos principais problemas da formação profissional em contexto de trabalho, reside no facto de termos sobre a ela expectativas irrealistas e comportamentos desadequados.
A formação anda hoje, mais do que nunca, na boca de políticos e gestores hospitalares de diferentes níveis, que a usam ao serviço dos seus mais ou menos nobre interesses, sem que dela, muitas vezes, saibam alguma coisa. Isto gera demagogia e cria mitos.
"Formar para mudar" é um desses mitos que encontra a sua origem na racionalidade técnica, que imperou e impera, muito por culpa da racionalidade positivista, onde para um problema se aplica uma estratégia para se obter um resultado. Esta forma digamos demasiado tecnológica de encarar, conceber e usar a formação (enquanto mera estratégia) carece de fundamento lógico e normalmente é estéril de resultados. A formação precederia, enquanto estratégia a mudança. Trata-se de uma visão ortopédica da formação, concebida para seres ainda obtusos que se quer transformar ao serviço de objectivos institucionais.
É difícil avaliar, resultados de formação formal, e será a meu ver pretensioso atribuir-lhe méritos de forma acrítica apenas para justificar os investimentos que se fazem num modelo por si só desajustado.
Depois do mito tecnológico associado à formação, e da eufórica busca de resultados que justifiquem o seu investimento, vem pois a forma desinserida com que a encaramos, num tempo e num espaço próprio, como se fosse possível reproduzir laboratorialmente a realidade dos contexto de acção dos enfermeiros.
É impossível representar a realidade no seu todo e na sua riqueza, e porquê fazê-lo?! É impossível dissecar formação e mudança como se uma precedesse e fosse causa da outra. A mudança e a formação estão sempre de lado a lado e potenciam-se mutuamente. Defendo um modelo de formação na mudança, inserido e ajustado a cada contexto, porque criado pelos seus actores. Só assim os aprendentes se sentirão realmente envolvidos num processo que lhes pertence e diz respeito e no qual são co-construtores. Então assim aprende-se. porque se pensa, porque se cria, porque se experimenta se re-experimenta, porque se constrói e se re-constroi, porque se muda e se transforma.
Esta forma de encarar a formação exige novas políticas e novas dinâmicas de formação nos hospitais. Exige uma nova atitude por parte dos centros de formação, que devem estar também e principalmente nos Serviços, ajudando a dinamizar os actores, nesse processo cujos resultados muitas vezes só são perceptíveis por eles mesmos (na sua prática diária) e acima de tudo pelos utentes (porque é afinal por eles que todos existimos profissionalmente). O valor social da formação deve ser o desenvolvimento, o desenvolvimento do indivíduo (e não apenas do profissional), do grupo e do contexto (necessariamente a mudança) e não o cumprimento de objectivos definidos externamente por lógicas muitas vezes demasiado tecnocratas. Este desenvolvimento faz-se em meu entender, mais pela aprendizagem dos actores (construção, formação informal e não formal em contexto de trabalho), do que pela formação que para eles se concebe (formal e exterior). Muito haveria a dizer e a discutir, mas muitas oportunidades surgirão…
Votos de boa aprendizagem…