terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A FORMAÇÃO REFLEXIVA DOS PROFESSORES: ideias e práticas


ZEICHNER, Kenneth (1993)

A autora deste artigo é reitora adjunta da University of Wisconsin- Masndison, docente da Sccoll of Education, como áreas de estudo é de referir Educação de Professores e Educação Primária.

O texto é uma elaborada dissertação do professor enquanto prático reflexivo. Começaria por dizer que em alguns aspectos poderemos traçar neste texto algum paralelismo entre o que o autor sugere para os professores enquanto práticos reflexivos e o que se impõe que sejam os enfermeiros, igualmente práticos reflexivos.

O autor enquadra muito a necessidade dos professores do seu estudo, no caso americanos, fazerem uma reflexão exterior a si próprios, no colectivo e que levem em linha de conta as questões sociais.

Em todo o texto a preocupação social é espelhada pelo autor, “também tenho desenvolvido esforços para promover a causa da profissionalização dos professores em paralelo com a construção de uma sociedade mais justa e decente”.

O movimento da prática reflexiva pretende, segundo o autor, que os professores sejam tidos em conta nas reformas a realizar e que as reformas surjam de dentro e para dentro das instituições de ensino, logo os professores têm que assumir um papel determinante no comando destas mesmas reformas. O desafio é deixado aos formadores dos professores durante a formação inicia, estes devem ter “ ….a capacidade de estudarem a maneira como ensinam e de a melhorar com o tempo, responsabilizando-se pelo seu próprio desenvolvimento profissional.”

O autor diz-nos que a reflexão implica, emoção e paixão, indo mais longe ao afirmar que os professores reflexivos “perguntam-se constantemente porque estão a fazer o que fazem na sala de aula”, julgo que este é o raciocínio problematizador, ou se quisermos reflexivo que norteia muitos dos enfermeiros portugueses. Mas também neste estudo os professores americanos revelam algumas limitações organizacionais e institucionais para a prática reflexiva “falta de tempo, alunos a mais, cumprir o curriculum, etc”. Tão bem se faz a comparação com aquilo que vamos ouvindo dos enfermeiros, - que tudo é impossível porque há muito trabalho, doentes a mais, enfermeiros a menos e uma série de coisas que têm que ser feitas, diria eu rotinas. Mas também aqui o autor citando Dewey se refere ao necessário “equilíbrio entre reflexão e a rotina, entre o acto e o pensamento”.

A prática reflexiva está naturalmente associada aos contextos da acção e gera autonomia, o momento para reflectir ocorre antes, durante e depois da acção. Só assim faremos análise crítica das práticas e discussão das mesmas. Esta reflexão faz-se individual e colectivamente sempre inserida num contexto social próprio.

O autor contudo também refere que muitas vezes o termo reflexão é abusivamente usado para “criar a ilusão de desenvolvimento dos professores”.

O professor reflexivo tem de ser um ser virado para o exterior, tem que ser um ser capaz de fazer análise social “não estou a pedir aos professores que se debrucem apenas sobre as consequências sociais e políticas do seu trabalho, mas simplesmente que incluam estas considerações no seu pensamento”, serem detentores de um projecto de intervenção que sustente o crescimento.

“O ideal é criar uma situação na qual os alunos-mestres se sintam à vontade para discordar dos seus tutores”.

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