domingo, 30 de dezembro de 2007

A FORMAÇÃO TEM DE PASSAR POR AQUI

NÓVOA, António

1986 - Doutoramento em Ciências da Educação na Universidade de Genebra.1994 - Agregação em Ciências da Educação na Universidade de Lisboa.- Professor Auxiliar (1986-1990), Professor Associado (1991-1995) e Professor Catedrático (desde 1996) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.- Assistente ou Professor Convidado, por períodos longos, das Universidades de Genebra (1982/1983), de Wisconsin-Madison (1993/1994) e de Paris V (1995).- Professor Convidado, por períodos curtos, das Universidades de Montreal, Strasbourg, Barcelona, Mons, A Coruña, Madrid, São Paulo, Federal do Rio de Janeiro, Federal de Mato Grosso do Sul, PUC-São Paulo, PUC-Rio de Janeiro,...- Presidente da Associação Internacional de História da Educação (ISCHE).- Presidente do Conselho Científico do Instituto de Inovação Educacional (1990-1993).- Coordenador e/ou vogal de vários painéis de avaliação científica, em Portugal e no estrangeiro (União Europeia, INRP, etc.), particularmente como responsável da área de Ciências da Educação na Comissão de especialidade das Ciências Sociais da JNICT (1995-1997).- Membro do Conselho Científico de Acompanhamento de Unidades de Investigação da Universidade do Minho (CEEP) e da Universidade do Porto (CESE), desde 1998.- Membro da Comissão Científica do Senado da Universidade de Lisboa, desde 1998.- Consultor para a Educação do Presidente da República (1996-1999).- Orientador (ou co-orientador) de 12 teses de doutoramentos e de cerca de 30 teses de mestrados, já concluídas.- Membro de mais de cem júris de provas de agregação, de doutoramento e de mestrado, em Universidades portuguesas e estrangeiras (Paris III, Paris V, Madrid, La Coruña, Palma, Genève, Strasbourg, São Paulo, etc.).- Áreas de especialização: História da Educação e Educação Comparada.

Neste texto o autor apresenta-nos uma perspectiva histórica evolutiva de alguns conceitos sobre educação de crianças e modelos formativos de adultos.
Desde os finais do Sec XVIII toda a Educação das sociedades ocidentais está ancorada no Modelo Escolar, ou seja, ao longo dos séculos as práticas formativas têm como pressuposto que “educar é preparar no presente para agir no futuro. O tempo de formação…surge, portanto, dissociado do tempo da acção” pág. 109.
O modelo escolar concebe uma dissociação entre estes dois momentos o tempo da aprendizagem com o tempo da sua aplicação, levantando uma questão quanto a mim interessante ainda nos dias de hoje “em que medida (e de que modo) as atitudes, as capacidades e os conhecimentos adquiridos durante a formação podem ser “mobilizados” numa situação real de trabalho?” pág. 110.

Julgo que será difícil formar um bom surfista na Serra da Estrela, ou um bom enfermeiro em contextos eminentemente teóricos. Naturalmente que com 12 anos de profissão sinto evidentes melhorias da aproximação dos alunos de Enfermagem aos contextos laborais, bem como da orientação conjunta entre docentes e enfermeiros dos citados alunos. Num claro caminho de combate a este modelo escolar, julgo que a Enfermagem em Portugal continua a trilhar um percurso que conduzirá a certificação de competências profissionais, onde saber e acção vão andar de mãos dadas. Só assim seremos sujeitos activos e interventivos e afirmativamente autónomos. “…. Não sendo abusivo afirmar que grande parte dos educadores actuais considera ainda que o seu trabalho consiste em….moldar cera mole”pág. 110. Julgo que nenhum de nós gosta de ser considerado “cera” e ainda por cima “mole”.

No entanto o autor revela-nos que no século XX existiram 3 movimentos de contestação ao paradigma Escolar:

1- Movimento Educação Nova – Anos 20
Realça o aprender fazendo, e o aprender a aprender. Estimula a criatividade e liga a escola à vida “incentivo à participação activa dos formandos no seu próprio processo de aprendizagem”pág. 111. Apesar de toda esta aparente, e direi eu, importante revolução existem para o autor 2 pilares que este movimento não decapitou do modelo escolar “a existência de um tempo para aprender e de um tempo para fazer, o encerramento das práticas educativas em espaços próprios” pág. 111.

2- Educação Permanente – Anos 70
Concebe o Homem como um ser inacabado em constante evolução visando a construção do saber ser. Este movimento rompe só em parte com o modelo escolar “pelo menos no plano dos princípios”, “Aprender é uma função da vida”, ”Qualquer pessoa, independentemente da sua idade, tem o direito de decidir o que aprender, como quando e onde” pág. 113, estes registos transportam-nos para uma lógica não diferenciadora da do modelo escolar no que concerne ao conceito escolástico de aprendizagem alargando-o sim a outros locais (esta a grande diferença).
O autor acentua a sua problematização desta questão dirigindo-se a nós próprios, profissionais de saúde. “Que potencialidades formadoras se podem desencadear no seio de um espaço hospitalar? Ou, como é que uma consulta se pode transformar num tempo de aprendizagem e de formação?” pág. 114

3- Histórias de vida ou método (auto)biográfico
Visa a construção de uma nova epistemologia da formação de adultos baseada nos seus próprios conhecimentos e experiências. Ainda se consubstancia como desafio

Da leitura deste texto retiro as profundas marcas do modelo escolar na sociedade actual, saberemos nós por exemplo aproveitar uma passagem de turno como espaço de reflexão/formação/acção? A minha opinião é que na maior parte das vezes não. Se a pressa, ou cansaço pode ser um argumento para que tal não possa ser feito neste espaço. Então qual ou quais as estratégias para no nosso dia-a-dia de prestadores de cuidados de Enfermagem sermos também seres eminentemente formativos?

1 comentário:

Anónimo disse...

"...Julgo que será difícil formar um bom surfista na Serra da Estrela, ou um bom enfermeiro em contextos eminentemente teóricos..." (ou em contextos cujas práticas são de fraca qualidade) ambas as situações serão adversas para o percurso formativo de qualquer estudante.