terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O MEU PATRÃO FOI-SE EMBORA



PORQUE SOU UM SER REFLEXIVO, NÃO POSSO DEIXAR PASSAR EM BRANCO, NESTE MEU BLOG, UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A SAÍDA DO MEU PATRÃO (ex) DO GOVERNO.

Como diz Manuel Rodrigues, Anabela Pereira e Teresa Barroso, “ A saúde de cada pessoa depende do seu projecto de vida, do seu sentido de felicidade e da sua forma específica de estar no mundo”, julgo que foi por não estar atento a isto que o meu patrão se despediu ou foi despedido. Ainda não entendi. Ele não respeitou a individualidade do Ser Humano

Mas claramente, foi a população que de forma unida descredibilizou uma dita reforma da saúde que em nada se preocupava com os Seres Humanos. Numa politica meramente bancária, parafraseando Paulo Freire, o meu patrão era o grande depositante dos saberes da saúde, tornando o Ser Humano em mero recipiente sem opinião.

Só que os oprimidos revoltaram-se e afinal algum resultado surgiu. O meu patrão deixou de o ser.

Os clientes do SNS, parece-me que querem continuar a ser utentes, ou por outra PESSOAS que usam o serviço Nacional de Saúde – Público, Geral e Universal.

O meu ex-patrão negligenciou sobre o que Maria Loreto Paiva Couceiro dissertava “… o desenvolvimento das capacidades de evoluir e agir num ambiente complexo, de “aprender a aprender” ao longo de toda a vida, de reconstruir permanentemente conhecimentos e saberes.”.

Teimosamente o meu ex-patrão, continuou a ser o grande dono da verdade, humilhando profissionais com comparações bacocas e humilhando as pessoas que cada vez mais viam os cuidados de saúde mais distantes.

Foram precisas mortes, quedas, telefonemas do INEM para os Bombeiros, etc, etc, para ser posto a nu aquilo que sempre vimos enquanto profissionais de saúde. O SNS a definhar por questões de índole económica.

As reformas começaram pelo telhado e a casa naturalmente veio abaixo. As USF´s a meterem água, os cuidados continuados e paliativos entregues aos privados, os encerramentos a serem feitos com falta de rigor técnico e sem a devida cobertura promocional e assistencial, os hospitais à deriva, o desemprego a aumentar, a instabilidade laboral a graçar........Os Seres Humanos a desesperarem.

Mas existe mérito no trabalho do meu ex-patrão, o seu objectivo primordial que era a destruição do SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE, esse ele atingiu.

E como em qualquer delapidação, os restos fragmentares estão por aí soltos. Caberá à minha nova Patroa, (pessoa que tecnicamente respeito e prezo), colar os cacos. Ela já se disse adepta do SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE (o que é positivo). No entanto também já se afirmou de acordo com a reforma em curso. Estará desde já baralhada, ou ainda não percebeu que estas duas afirmações são a antítese uma da outra?

A ver vamos. Mas tenho para mim que estamos só perante uma mera acção de cosmética. Muda-se o coveiro, mas o enterro continua dentro de momentos..... Com mais respeito, pelo menos nas palavras, pelo SER HUMANO.

Como diria o escritor Eça de Queirós "Este governo não cairá porque não é um edifício; sairá com benzina porque é uma nódoa." Assim foi com o meu ex-patrão.

Fica o desabafo de alguém que acredita num futuro melhor.

5 comentários:

Jorge Luis disse...

Não perdemos com a saida do ministro da saúde cessante. Mas, será que a actual ministra da saúde vai por ordem na actual desordem?. Mais, será que aprendeu alguma com a Maria de Belem, decididamente a ministra que mais dialogou com os profissionais de saúde.
A ver vamos.
O futuro do SNS assim o exige.

Jorge Luis

Anónimo disse...

Colegas,
Não podemos esquecer que o Serviço Nacional de Saúde não interessa à "indústria da doença" enriqueça ela pelos medos (como os seguros) ou pelos desperdícios, como a indústria farmacêutica. A nova ministra tem já firmados créditos na defesa dos interesses da industria ou, pelo menos, de alguns "industriais". No entanto, demos-lhe o benefício da dúvida embora seja difícil de crer que ela tenha alguma oportunidade de fazer frente às orientações dos patrões efectivos.

Aninhas disse...

Não se aguenta...
Por causa destes e de outros é que "temos " que aturar enfermeiras em estado de sitio, nervosas, ansiosas, carcomidas pela exuberância linguística dos colegas....
Sr. Enfº, quem fala assim não é gago!
Mas descanse lá a amiga Mafas que está aflita com a nota do portfolio!!!!

Bjs

cavalo marinho com asas disse...

Meu Deus não me falem em Maria de Belém que me dá urticária!!!! É um escândalo o que se faz na saúde, o que se passa com os Enfermeiros, cortarem os subsídios de turno, as horas!!!!
E a Desordem a que todos chamam Ordem e o Síndicato que nada faz!!!
Só quando nos unirmos, quando sentirem que sem nós n há saúde é que isto vai progredir!!!
Gostei muito do teu blog! Sabes que sou contestatária!!!
Lembras-te das reuniões da C.G. do HSC! Sou eu!
Carla Graça

Anónimo disse...

Olá Rui,
Antes de mais desejo-te felicidades para o teu trabalho e para o teu blog.
Como devem calcular não vou fazer qualquer tipo de comentário em relação à vossa actividade profissional porque não devo, embora conheça o funcionamento de alguns, posso dizer já centenas, de estabelecimentos de saude. Quem inventou a teoria do "monstro" disse, de facto, a verdade. Ele existe e tem que ser morto! Se não morrer, seremos nós a ser mortos num futuro quase próximo. Penso que neste aspecto estamos todos de acordo. Agora dizer que, como uma participante escreveu, que o SNS não interessa à indústria da doença... desperdícios...etc. é que me parece uma afirmação um pouco ignorante, imatura, cândida até, mas sobretudo inculta! Como profissional da IF que sou há já 13 anos, não posso deixar de reparar em algumas questões pertinentes e críticas do actual SNS. E quero deixar claro que a IF é a indústria que no nosso país mais trabalhadores emprega, mais salários paga e mais famílias sustenta. Pelos vistos a "indústria da doença" dá de comer a muita gente! E não só! É graças à IF que alguns milhares de doentes podem ter tratamento médico e hospitalar pois é ela que paga despesas de internamento e de tratamentos. E em relação a esses "industriais" se calhar são precisamente aqueles que investigam, produzem e comercializam soluções para se Viver mais e melhor! Mas os meus impostos também sustentam muitas famílias que vivem também à custa de receitas do Estado que lhes paga o ordenado, que por sinal, se o "monstro" existir muito mais tempo, poderá não suportar aumentos de ordenado por longos anos, que por sua vez não aumenta o poder de compra que sustenta o sistema terciário da nossa economia, etc.etc. Como se vê estamos todos nessa "cadeia alimentar" de serviços e precisamos todos de nos "canibalizar" uns aos outros. E até podem dizer que os nossos doentes estão sobremedicados para sustentar a tal "indústria da doença", mas o que é facto é que temos uma das esperanças médias de vida mais altas da Europa (a que mais cresceu nos últimos 20 anos) e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da Europa! Afinal essa indústria tem resultados!!!
Com os meus cumprimentos,
Rui Cecílio