segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Na tua leveza de pássaro branco

Hoje vejo-te vigilante
envolta em efervescências de éter
à volta dos doentes,
presos à fatalidade estática
das pernas engessadas
aflitivamente imóveis e penduradas
numa rigidez de cabos e roldanas.
Entre as camas alinhadas
percorres na tua leveza de pássaro branco
os corredores lisos e brilhantes
e avalias com precisão cirúrgica
o espaço ocupado
pela dor e pelo sofrimento
contendo os gritos
e os incontidos apelos
dos corpos rasgados
que não aceitam
aquele destino.
e já não te incomoda
o cheiro intenso do clorofórmio
nem aquela luz baça
da hora do silêncio
a iluminar penumbras.
Velas pela noite dentro
diligente e branca
e regressas à tua paz
onde deitas o sono solto e interrompido
até que a manhã chegue
com o teu cansaço.

Alexandre de Castro

Um amigo, um comunicador, um jornalista, um poeta, um Homem que “aproveitou” a largura de fronteiras editoriais deste blogue, que se quer de reflexão e de momentos belos como este, para dedicar este seu poema às enfermeiras. O meu sincero, fraterno e solidário abraço em nome delas, ou por outra em nosso nome. Obrigado Alexandre de Castro.Rui Santos

1 comentário:

FILMES MARADOS disse...

"....E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.
A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam...."
Ary Dos Santos

Só a união faz a força e de nada nos adianta dizer que a comunicação social está contra os Enfermeiros. Julgo que às vezes gostamos de julgar que vamos longe "orgulhosamente sõs". O elitismo existente em alguns Enfermeiros só serve quem quer da nossa profissão fazer "gato/sapato".