No primeiro diploma,
Congelam as progressões,
Acabam os escalões,
E não dizemos nada.
Congelam as progressões,
Acabam os escalões,
E não dizemos nada.
No segundo diploma,
Aumentam o tempo das reformas,
Mexem com todas as normas,
E não dizemos nada.
No terceiro diploma,
Alteram o sistema de saúde ,
Há um controlo amiúde,
E não dizemos nada.
No quarto diploma,
Criam-se informações,
Geram-se várias divisões,
E não dizemos nada.
No quinto diploma,
Passa a haver segredo,
As pessoas vivem com medo,
E não dizemos nada.
Até que um dia,
O emprego já não é nosso,
Tiram-nos a carne fica o osso,
E já não podemos dizer nada.
Porque a luta não foi travada,
A revolta foi dominada,
E a garganta está amordaçada.
(de autor anónimo)
1 comentário:
Este poema tem algumas semelhanças com o seguinte de Maiakówsky:
Na primeira noite
Eles se aproximam
Colhem uma flor de nosso jardim
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem :
Pisam as flores
Matam nosso cão
E não dizemos nada.
até que um dia
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a lua e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.
Que por sua fez foi adaptado por Bertolt Brecht no seguinte excerto:
“... vieram, levaram os ciganos e os negros e os judeus, e não protestei. Era o habitual. Mais tarde maltrataram, assassinaram imigrantes, e também não fiz nada. Porque não eram dos meus. Perseguiram, torturaram e mataram outros. Continuei imóvel, talvez o merecessem. Aniquilaram raças, massacraram povos inteiros de tantas civilizações, e não me movi. Por acaso era comigo? E no fim vieram-me buscar a mim e ninguém protestou. Era demasiado tarde...”
Talvez sejam duas fortes mensagens PARA NÃO NOS CONFORMARMOS.
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